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Aí você me pergunta, mas que raios é um “sal de bolinha”?

Um dia uma amiga abriu um pacotinho de sal numa mesa de bar e começou a reparar no formato dos grãos. Talvez fosse a tequila falando, mas ela se convenceu que aquele sal era diferente dos outros. Em vez de pedacinhos irregulares formando um pó fino, ele parecia ser composto de minúsculas bolinhas de sal. Não demorou muito para ela dizer, muito empolgada: “gente, esse sal é de bolinha!”.

Isso, claro, virou piada no dia (e em vários dias seguintes). Quando me sugeriram este nome para o blog, eu gostei por dois motivos. Primeiro, porque essa situação no bar representa exatamente o meu objetivo na cozinha e na escrita: um olhar diferente para algo trivial, cotidiano.

Segundo porque sempre me fascinou o fato de o sal ser, ao mesmo tempo, algo individual e universal. Individual porque é a expressão do cozinheiro – não existe técnica para salgar uma comida, ou seja, não há como ensinar alguém a por sal num prato. É algo que depende apenas de quem cozinha, de sua observação e intuição. E, ainda assim, ele possui um aspecto universal. Por mais que cada um goste da comida com mais ou menos sal, qualquer pessoa é capaz de dizer quando o prato está completamente insosso ou salgado demais. Essa sutileza do sal é o que faz dele o coração de todos os pratos, até dos doces.

Essa é a versão grande da história. A versão resumida, que eu normalmente uso quando estou na mesa de bar e ninguém quer ouvir a explicação toda, é apenas “porque nem todos os sais são iguais”.

E nem todo blog também. Nesse, você vai encontrar receitas, memórias, crônicas e outros devaneios que nascem quase sempre da minha cozinha.

Seja bem-vindo!