“Estou acostumada a organizar as lembranças da minha vida em torno de um rol de namorados e de livros. Os diversos relacionamentos que tive e as obras que publiquei são as referências que marcam a minha memória, transformando o ruido informe do tempo em uma coisa ordenada.”
Com esse trecho, Rosa Monteiro começa o livro A Louca da Casa. Logo assim, já no primeiro parágrafo, eu parei de ler a história para pensar melhor sobre como realmente contamos a nossa vida a partir de certos referenciais. Damos alguns nós na linha do tempo para ficar mais fácil desembolar esse novelo grandão da vida.
Assim como Rosa, meus relacionamentos amorosos me ajudam a organizar lembranças, junto com o período que morei na minha casa de infância e os anos da faculdade. Minhas viagens também são marcos: tudo o que aconteceu entre um lugar e outro do mundo eu entendo como “antes” ou “depois”. a primeira vez que cortei o cabelo curtinho foi antes de Buenos Aires, a formatura foi logo depois de conhecer Ilha Grande.
As experiências que vivi com comida são outro jeito de catalogar memórias. Aprendi a importância de bater claras em neve quando minha torta de limão ficou com gosto de ovo, um dia depois do meu pai conseguir um novo emprego. Descobri o blog da Lena quando me despedi da minha casa de infância, pois o primeiro bolo na casa nova foi receita dela.
Com o livro ainda aberto no colo, enquanto pensava nisso tudo, lembrei que semana passada algumas pessoas me perguntaram por que eu resolvi comemorar justamente os 3 anos de blog. Não é um número redondo como 5 ou 10 e não parece tanto tempo assim, eu sei. Eu poderia ter dito que o blog estrearia seu terceiro ano com mudanças significativas, por isso queria reconhecer esse marco de um jeito diferente – mas na verdade a resposta é menos racional que isso. Só sei que resolvi dar esse nó na minha linha. No fundo, só a gente entende a forma como organizamos nossa históra.
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Bolinho de chuva assado da Lena
Desde que descobri o blog da Helena Gasparetto, as receitas dela estão na minha vida de uma maneira muito especial. Essa, mais uma vez, é de guardar no coração: é mais saudável, dá menos trabalho e é mais gostosa que um bolinho de chuva. Coisa que só ela poderia ter inventado, mesmo.
Um tiquinho de nada adaptada daqui.
Ingredientes
– ¾ de xícara (chá) de açúcar
– 1 ovo
– ½ xícara de óleo de coco ou canola
– ¾ de xícara (chá) de leite
– 1 colher (chá) de extrato de baunilha
– 1 ¾ de xícara de farinha de trigo
– 1 ½ colher (chá) de fermento químico em pó
– ¼ de colher (chá) de sal
– ½ colher (chá) de canela
Para a cobertura:
– 2 colheres (sopa) de manteiga derretida
– 1/4 de xícara de açúcar refinado
– 1 colher (sopa) de canela em pó
Doce de leite para servir (opcional, mas altamente recomendado)
Como fazer
1. Preaqueça o forno a 180 graus.
2. Unte e enfarinhe generosamente (eu untei levemente e meus bolinhos grudaram um pouco, então atenção nessa parte) uma forma para mini-muffins com 24 unidades ou faça o mesmo com forminhas de empada. Você pode também forrar com forminhas de papel para pular essa etapa.
3. Usando uma espátula ou batedor de arames, bata o ovo, açúcar, óleo, leite e baunilha até ficar homogêneo.
4. Peneire os ingredientes secos em cima da mistura e envolva delicadamente, mexendo apenas até a farinha sumir na massa.
5. Encha as forminhas deixando cerca de 1cm de espaço na borda. (No meu caso sobrou um pouco de massa). Leve ao forno por cerca de 20 minutos, ou até que o topo esteja levemente dourado e um palito saia seco ao ser enfiado no meio.
6. Assim que retirar do forno, pincele a manteiga derretida sobre os bolinhos. Espere esfriar por uns 15 minutos e desenforme, passando levemente uma faca de ponta arrendondada nas bordas para ajudar a soltar.
7. Passe os bolinhos no açúcar refinado misturado com a canela e sirva. Para congelar, leve os bolinhos no freezer em uma assadeira e, depois de congelados, guarde num saquinho tipo ziplock (mas eu duvido que sobre).